sexta-feira, 13 de maio de 2011

RESENHA - QUEM ESCONDEU O CURRÍCULO OCULTO?

Dados da Obra:
Autor: Tomaz Tadeu da Silva
Título: Documentos de Identidades – Uma Introdução as Teorias de Currículo
Capítulo: Quem Escondeu o Currículo Oculto?
Editora: Autêntica, 2003 – B. Horizonte

O “currículo oculto” sempre esteve presente nas perspectivas críticas sobre o currículo. Para Bowles e Gintis a noção de currículo oculto estava implícita nas relações sociais que ocorriam na escola, preparando o aluno para se adaptar às exigências do sistema capitalista. Althusser, em seu ensaio: A ideologia e os aparelhos ideológicos de estado definiram ideologia destacando sua dimensão prática, material, que se expressa através de rituais, gestos e práticas corporais do que através de manifestações verbais. Na teoria de Bernstein, é através da estrutura do currículo e da pedagogia que se aprendem os códigos de classes.
O conceito de currículo oculto apesar de sua utilização crítica tem sua origem na sociologia funcionalista. Seu conceito foi usado pela primeira vez por Jackson (1968):
“os grandes grupos, a utilização do elogio e do poder que se combinam para dar um sabor distinto à vida de sala de aula coletivamente formam um currículo oculto, que cada estudante e professor deve dominar se quiser se dar bem na escola.”
Essa definição funcional, que destaca a determinação estrutural do currículo oculto foi ampliada e desenvolvida por Dreeben, quando enfatizava a estrutura da sala de aula, situação de ensino que ensinavam as relações de autoridade, organização espacial, distribuição do tempo, padrões de recompensa e castigo.
O que vai então distinguir o conceito funcionalista da perspectiva crítica do currículo oculto é a intencionalidade dos comportamentos ensinados. Para Dreeben, a escola através do tratamento impessoal que transmite para o aluno ensina a noção de universalismo necessária para o perfeito funcionamento das sociedades avançadas. Numa perspectiva crítica, acontece o contrário, o currículo oculto é visto como indesejável por moldar o aluno para se adaptar às injustiças estruturadas da sociedade capitalista e se conformar com as exigências de seu papel subalterno nas relações sociais de produção.
Para a perspectiva crítica, currículo oculto são todos os aspectos do ambiente escolar que não estão explícitos, oficializados, mas contribuem para aprendizagens sociais relevantes. O que se aprende no currículo oculto são atitudes, comportamentos, valores e orientações que permitem que os alunos se ajustem da maneira mais conveniente às estruturas de funcionamento da sociedade, portanto, ensina-se o conformismo, a obediência e o individualismo.
Os elementos do currículo oculto que contribuem para essa aprendizagem na escola são as relações entre professores e alunos, entre administração e alunos, entre alunos e alunos, a organização do espaço escolar, o ensino do tempo (pontualidade, controle, divisão), rituais, regras, regulamentos, normas, currículo acadêmico e profissional.
Portanto, na perspectiva crítica o currículo oculto implica a possibilidade de termos um momento de iluminação, lucidez e podemos nos conscientizar do que não estava claro para nossa consciência para que assim seja possível desmascará-lo.
O currículo oculto sem sombra de dúvida cumpriu um papel importante na perspectiva crítica sobre o currículo por descrever os processos sociais que moldam nossa subjetividade inconscientemente, serviu de instrumento para uma análise sociológica dos processos invisíveis e opacos da vida cotidiana na sala de aula.
Com o predomínio do pós-estruturalismo o conceito de currículo oculto, apesar de ainda ser importante, foi perdendo e desgastando seu discurso de invisibilidade para a visibilidade das relações sociais. As características estruturais do currículo oculto se tornaram cada fez mais determinantes, não havendo a necessidade de sua ocultação. Com o neoliberalismo o currículo tornou-se assumidamente capitalista, pois a afirmação explícita da subjetividade e dos valores do capitalismo não permite que tenha muita coisa oculta no currículo.

1-       IDEIAS PRINCIPAIS/ ARGUMENTOS FUNDAMENTAIS

O currículo oculto é evidenciado em quase todas as perspectivas sobre currículo e nele está implícito as relações sociais na escola que são responsáveis pela socialização de normas e atitudes necessárias à adaptação social. Através da estrutura do currículo e da pedagogia que se aprendem os códigos de classe e as aprendizagens sociais relevantes. Quando se toma a consciência do currículo oculto significa, de alguma forma desarmá-lo. Numa era neo-liberal de afirmação explícita da subjetividade e dos valores do capitalismo, não existe mais muita coisa oculta no currículo.

2-       IDEIAS SECUNDÁRIAS/ ALGUNS DETALHAMENTOS
O currículo oculto é constituído por todos os aspectos do ambiente escolar que não faz parte do currículo oficial, contribuem de forma implícita para aprendizagens sócias relevantes. O que aprende com ele são as atitudes, comportamentos, valores e orientações que permitem aos alunos se ajustarem da forma mais conveniente à sociedade capitalista. Aos alunos das classes subordinadas ensina o conformismo, a obediência, o individualismo, a subordinação e aos alunos das classes proprietárias aprendem os traços sociais apropriados ao seu papel de dominação, como também aborda temas de outras esferas sociais: nacionalidade, identificação sexual ou com alguma etnia, etc. Os elementos que no ambiente escolar contribuem para essas aprendizagens são: relações entre professores e alunos, entre a administração e os alunos, a organização do espaço e tempo. A noção de currículo oculto implica na possibilidade de termos um momento de iluminação e lucidez, de conscientizarmos que alguma coisa estava oculta e precisava ser evidenciada.

3-       APRECIAÇÃO CRÍTICA
Concluindo o capítulo percebe-se que o currículo oculto sempre esteve presente em todas as perspectivas de curriculares. A escola, como uma instituição que prepara o aluno para a vida em sociedade, desempenha sua função repressora transmitida através desse currículo oculto, que tem a intenção de garantir a sobrevivência específica do sistema que é a sociedade. Como vivemos numa sociedade capitalista onde todos os valores são explícitos não há mais muitos valores ocultos no currículo.

                                                                                           Ana Carolina Carneiro Lopes
                                                                                                              29/04/11
 

Um comentário:

  1. Ótima resenha, constituindo um texto que pode servir de norte para algumas reflexões. Repense apenas a última frase de sua apreciação crítica.

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