quinta-feira, 16 de junho de 2011

Textualizando 5 : POLÍTICA, PODER, DISCURSO, CULTURA E CURRÍCULO

 
Segundo Foucault, reescrito por Laura Fraga (1994):
Poder não é uma coisa, algo que se toma ou se dá, se ganha ou se perde. É uma relação de forças. Circula em rede e perpassa por todos os indivíduos. Neste sentido não existe o “fora” do poder. Trata-se de um jogo de forças, de lutas transversais presente em toda a sociedade.
Onde há saber, há poder. Mas é importante acrescentar: onde há poder, há resistência... O p
As mudanças políticas, econômicas, sociais, tecnológicas e culturais que ocorreram ao longo do século XX estão sendo repensadas neste início do século XXI. Todas estas mudanças repercutiram no modo de viver das pessoas e da sociedade, afetando assim a cultura do povo. As concepções de cultura começaram a ser questionadas: Qual é cultura verdadeira? A erudita? A popular? E por que não a interação entre as duas ou as duas?
A escola como instituição socializadora, lugar de circularidade entre as culturas e de produção de saberes, não fica alienada a realidade destas transformações mundiais.  O currículo escolar é estruturado de acordo com o discurso da política cultural dominante na sociedade, que molda a consciência e identidade do aluno, alijando-o do seu próprio processo educativo. Percebe-se então um currículo revestido de intencionalidade.
Mas, como foi citado acima: onde há saber, há poder, há resistência, jogo de forças. Os movimentos sociais e as políticas públicas começam a se mobilizar e trazer à tona a voz dos oprimidos e desconfiam dos discursos meramente técnicos. Em resposta a toda esta situação surge um novo movimento, o multiculturalismo, que critica “a cultura” a favor “das culturas”, como também critica a verdade única da ciência.
Portanto, a escola também abarca este movimento e passa a buscar a cidadania multicultural com o objetivo de expurgar qualquer tipo de dogmatismo e radicalismo existente, que só contribui para reproduzir as desigualdades sociais. As práticas multiculturais tendo espaço nos currículos escolares tornam-se ferramentas de contribuição para formar uma sociedade mais justa, menos excludente e discriminatória, onde saber e poder possam contribuir para o processo transformador e libertador do cidadão. Buscar alternativas multiculturais para o currículo escolar proporciona a formação de um cidadão mais flexível, aberto e consciente de sua identidade e do outro.


Ana Carolina Carneiro Lopes

2 comentários:

  1. Ana, isso é que é poder!
    O saber se transforma em poder, e com isso conseguimos libertar pessoas, desingessá-las. Nós professores precisamos abrir mais espaços, deixar que nossos alunos tenham voz, e principalmente, fazer com que elas sejam ouvidas.
    Parabéns pelo texto.
    Abraços,
    Paullus.

    ResponderExcluir
  2. Que dogmatismos e radicalismos não tenham espaço no currículo que construímos. Parabéns pela consistência da reflexão de seu texto!

    ResponderExcluir